Pequena Abelha, por Adriana Carolinne

Você se atrairia por um livro que tem uma orelha e contracapa que contam o mínimo possível sobre a história? Talvez a curiosidade te levasse a folhear um  livro desse tipo....e foi isso que eu fiz, mas não passei daí. Apenas meses depois de ter adquirido um livro desse tipo, chamado Pequena Abelha, tive vontade de lê-lo. Ainda bem que essa vontade chegou em algum momento, porque a obra é excelente.

Pequena Abelha, de Chris Cleave, conta a história de duas mulheres. Pequena Abelha, uma jovem refugiada nigeriana que vai para a Inglaterra fugindo do massacre em seu país, e Sarah, jornalista britânica, casada, que tem um filho pequeno. Por um acaso da vida, as duas se cruzam e uma delas tem que tomar uma decisão muito difícil, que mudará totalmente suas vidas. E tenho certeza que o que você pensou não chega nem perto.

Chris Cleave permite que os capítulos sejam narrados em primeira pessoa por Pequena Abelha e Sarah, alternadamente, o que torna as personagens muito reais para o leitor. E o mais legal é que a história não começa com o encontro delas duas. O início narra a vida delas anos depois desse encontro e, aos poucos, o passado das personagens vai sendo revelado. 

Não é um livro fácil de ler. Pequena Abelha faz despertar emoções fortes e, justamente por isso, é uma experiência literária fantástica. Não posso deixar de destacar que as reflexões da personagem Pequena Abelha revelam uma visão muito própria da vida e uma sensibilidade imensa. Confira você mesmo:

[...] peço-lhe neste instante que faça o favor de concordar comigo que uma cicatriz nunca é feia. Isto é o que aqueles que produzem as cicatrizes querem que pensemos. Mas eu e você temos de fazer um acordo e desafiá-los. Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: “Eu sobrevivi.”


Por Adriana Carolinne, 21, estagiária de comunicação da Rede EMredando Leituras.